sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Resenha do livro: "Carta de uma Orientadora: o primeiro projeto de pesquisa" por Juliana Medeiros Paiva



Gostaria de agradecer à Julina Medeiros Paiva, Mestranda do Programa de Política Social da Universidade de Brasília e à Anis - Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, pelo envio da resenha do livro "Carta de uma orientadora: o primeiro projeto de pesquisa". 


PAIVA, Juliana Medeiros. (j.paiva@anis.org.br). Resenha - Livro Carta de uma orientadora [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por alessandrabelobh@gmail.com em 18 out. 2012.




Resenha
Carta de uma Orientadora: o primeiro projeto de pesquisa

DINIZ, Debora. Carta de uma Orientadora: o primeiro projeto de pesquisa. Brasília, LetrasLivres, 2012. ISBN: 978-85-98070-31-5

Por: Julina Medeiros Paiva . Mestranda do Programa de Política Social da Universidade de Brasília. Contato: julianna.paiva@gmail.com


Todos os semestres, milhares de estudantes se vêem às voltas com um dos maiores desafios acadêmicos: a escrita de textos acadêmicos, teses ou artigos científicos. O livro Carta de uma Orientadora: o primeiro projeto de pesquisa, de Debora Diniz, pretende acompanhar essas jovens autoras em uma aventura solitária, prazerosa para umas, angustiante para tantas outras. Sem a pretensão de ser um manual de escrita acadêmica ou de metodologia científica, o livro é um guia que acompanha quem irá escrever sua primeira ou mais recente peça acadêmica desde a concepção do problema de pesquisa até a finalização do  trabalho, preparando a leitora para o encontro intelectual com a escrita.

Carta de uma Orientadora: o primeiro projeto de pesquisa está organizado em nove sessões e inclui, ao final, uma proposta de mapa de literatura e cronograma para organização da pesquisa distribuída entre projeto de pesquisa e escrita do texto final. A obra aborda temas complexos e atuais, tais como plágio em estudos acadêmicos e a relação orientadora-orientanda. Na primeira sessão, intitulada Uma Carta, Diniz  apresenta o objetivo do livro e as razões que a fizeram escrevê-la em formato de uma carta. Para ela orientar e ler com atenção e delicadeza envolve, além de técnicas e métodos, o acolhimento das inquietações inerentes desse processo.

Na segunda sessão, Antes do Primeiro Encontro, Diniz sugere às leitoras como deve ser feito o preparo para esse primeiro encontro de orientação. O ponto mais importante para esse primeiro encontro é a definição de temas de pesquisa. Esse é um dos momentos mais difíceis para uma jovem estudante, já que ela precisa delimitar seus interesses e desejos a um problema de pesquisa factível de ser analisado no curto espaço de tempo disponível.  O Primeiro Encontro é  fundamental para o estabelecimento da relação entre orientanda e orientadora, tanto que tem destaque na terceira sessão do livro. A autora descreve que nesse primeiro encontro a orientanda deve apresentar uma lista de seus temas de interesses delimitados antes do primeiro encontro, elaborados na forma de títulos funcionais e problemas de pesquisa.

Na sessão Encontro com a Pesquisa, são abordados  os itens  considerados indispensáveis para a condução de qualquer pesquisa: a definição do título funcional, problema de pesquisa e palavras-chave. Para  Diniz um bom título funcional deve conter no máximo 15 palavras, não deve conter metáfora, alegoria ou ironia, ele deve ser capaz de descrever com clareza qual é o objetivo de pesquisa, mesmo sabendo que ele é uma peça que será modificada e aprimorada até o final da escrita. Diniz  finaliza a sessão falando sobre o “grilo do tremor” uma alegoria agradável sobre a hesitação da escrita, dividindo com as leitoras como lida com o misto de tremor e felicidade que lhe toma em todo início de todo novo trabalho.

O tempo talvez seja o ingrediente mais cruel na construção de uma trabalho acadêmico. No Encontro com o Tempo, é proposto  que cada orientanda faça um planejamento do uso do seu tempo por meio de um cronograma, que deve distribuir as diversas atividades que compõem a elaboração de um projeto de pesquisa e a escrita de um trabalho de conclusão de curso ou monografia. Na sexta sessão, Encontro com o Texto, se discute a importância da leitura na construção de um projeto e elaboração de trabalhos de conclusão de curso, uma vez que deve estar presente desde a elaboração do projeto até a conclusão da escrita, mesmo sendo reduzida em períodos de escrita, a leitura não deve ser abandonada. A autora classifica, de maneira divertida, estilos de leitoras em: burocrata, atriz, desnorteada e criativa, sendo essa última a sua preferida, pois mantem sempre uma postura de dúvida sobre o que lê, aprende rapidamente,  é cautelosa e seletiva em suas leituras.

Na sessão Encontro com a Escrita, as orientadas são convidadas a abandonar a ideia de que a escrita seria um momento de sofrimento. Para Diniz, ele deve ser um momento de descoberta e superação. É nesse momento que a orientanda se torna, enfim, uma autora. A primeira sugestão  para as futuras autoras é a revisão dos textos elaborados por meio de uma rodada de leitura. Um ponto crucial na escrita de textos acadêmicos é o cuidado com plágios. A autora alerta para o risco da realização de cópias ou pastiches de textos  que são lidos ou admirados pelas orientandas. Seja por falta de preparo ou de conhecimento sobre as normas de citação (direta e indireta), seja por uso de má-fé, o plágio pode findar, antes de seu início, uma carreira acadêmica.

Nas últimas sessões, Após a Leitura e E o Futuro?, Diniz realiza a acolhida às suas orientandas e apresenta os dois anexos contidos na carta – Mapa de Autoras e Cronograma. Esses anexos visam auxiliar o processo de organização e planejamento da pesquisa e escrita dos trabalhos de conclusão de curso. Inclui ainda uma reflexão sobre como será para toda jovem escritora reler o trabalho elaborado durante a graduação anos depois. O livro Carta de uma Orientadora: o primeiro projeto de pesquisa vem ocupar uma lacuna na área acadêmica, acompanhando as orientandas nesse processo tão solitário como o da escrita de seu primeiro trabalho autoral. Ao ler o livro, a leitora se sente permanentemente acompanhada, podendo voltar em pontos específicos e dialogar com a orientadora nos momentos mais cruciais de sua trajetória até a entrega de seu trabalho final.