Gostaria de agradecer à Julina Medeiros Paiva, Mestranda do Programa de Política Social da Universidade de Brasília e à Anis - Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, pelo envio da resenha do livro "Carta de uma orientadora: o primeiro projeto de pesquisa".
PAIVA, Juliana Medeiros. (j.paiva@anis.org.br). Resenha - Livro Carta de uma orientadora [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por alessandrabelobh@gmail.com em 18 out. 2012.
Resenha
Carta
de uma Orientadora: o primeiro projeto de pesquisa
DINIZ, Debora. Carta
de uma Orientadora: o primeiro projeto de pesquisa. Brasília, LetrasLivres,
2012. ISBN: 978-85-98070-31-5
Por: Julina Medeiros
Paiva . Mestranda do Programa de Política Social da Universidade de Brasília.
Contato: julianna.paiva@gmail.com
Todos os semestres,
milhares de estudantes se vêem às voltas com um dos maiores desafios
acadêmicos: a escrita de textos acadêmicos, teses ou artigos científicos. O
livro Carta de uma Orientadora: o primeiro projeto de pesquisa, de Debora
Diniz, pretende acompanhar essas jovens autoras em uma aventura solitária,
prazerosa para umas, angustiante para tantas outras. Sem a pretensão de ser um
manual de escrita acadêmica ou de metodologia científica, o livro é um guia que
acompanha quem irá escrever sua primeira ou mais recente peça acadêmica desde a
concepção do problema de pesquisa até a finalização do trabalho, preparando a leitora para o
encontro intelectual com a escrita.
Carta de uma
Orientadora: o primeiro projeto de pesquisa está
organizado em nove sessões e inclui, ao final, uma proposta de mapa de
literatura e cronograma para organização da pesquisa distribuída entre projeto
de pesquisa e escrita do texto final. A obra aborda temas complexos e atuais,
tais como plágio em estudos acadêmicos e a relação orientadora-orientanda. Na
primeira sessão, intitulada Uma Carta, Diniz apresenta o objetivo do livro e as razões que
a fizeram escrevê-la em formato de uma carta. Para ela orientar e ler com
atenção e delicadeza envolve, além de técnicas e métodos, o acolhimento das
inquietações inerentes desse processo.
Na segunda sessão, Antes
do Primeiro Encontro, Diniz sugere às leitoras como deve ser feito o
preparo para esse primeiro encontro de orientação. O ponto mais importante para
esse primeiro encontro é a definição de temas de pesquisa. Esse é um dos
momentos mais difíceis para uma jovem estudante, já que ela precisa delimitar
seus interesses e desejos a um problema de pesquisa factível de ser analisado
no curto espaço de tempo disponível. O Primeiro
Encontro é fundamental para o
estabelecimento da relação entre orientanda e orientadora, tanto que tem
destaque na terceira sessão do livro. A autora descreve que nesse primeiro
encontro a orientanda deve apresentar uma lista de seus temas de interesses
delimitados antes do primeiro encontro, elaborados na forma de títulos
funcionais e problemas de pesquisa.
Na sessão Encontro
com a Pesquisa, são abordados os
itens considerados indispensáveis para a
condução de qualquer pesquisa: a definição do título funcional, problema de
pesquisa e palavras-chave. Para Diniz um
bom título funcional deve conter no máximo 15 palavras, não deve conter metáfora,
alegoria ou ironia, ele deve ser capaz de descrever com clareza qual é o
objetivo de pesquisa, mesmo sabendo que ele é uma peça que será modificada e
aprimorada até o final da escrita. Diniz
finaliza a sessão falando sobre o “grilo do tremor” uma alegoria
agradável sobre a hesitação da escrita, dividindo com as leitoras como lida com
o misto de tremor e felicidade que lhe toma em todo início de todo novo
trabalho.
O tempo talvez seja o
ingrediente mais cruel na construção de uma trabalho acadêmico. No Encontro
com o Tempo, é proposto que cada
orientanda faça um planejamento do uso do seu tempo por meio de um cronograma,
que deve distribuir as diversas atividades que compõem a elaboração de um
projeto de pesquisa e a escrita de um trabalho de conclusão de curso ou
monografia. Na sexta sessão, Encontro com o Texto, se discute a
importância da leitura na construção de um projeto e elaboração de trabalhos de
conclusão de curso, uma vez que deve estar presente desde a elaboração do
projeto até a conclusão da escrita, mesmo sendo reduzida em períodos de
escrita, a leitura não deve ser abandonada. A autora classifica, de maneira
divertida, estilos de leitoras em: burocrata, atriz, desnorteada e criativa,
sendo essa última a sua preferida, pois mantem sempre uma postura de dúvida
sobre o que lê, aprende rapidamente, é
cautelosa e seletiva em suas leituras.
Na sessão Encontro
com a Escrita, as orientadas são convidadas a abandonar a ideia de que a
escrita seria um momento de sofrimento. Para Diniz, ele deve ser um momento de
descoberta e superação. É nesse momento que a orientanda se torna, enfim, uma
autora. A primeira sugestão para as
futuras autoras é a revisão dos textos elaborados por meio de uma rodada de
leitura. Um ponto crucial na escrita de textos acadêmicos é o cuidado com
plágios. A autora alerta para o risco da realização de cópias ou pastiches de
textos que são lidos ou admirados pelas
orientandas. Seja por falta de preparo ou de conhecimento sobre as normas de
citação (direta e indireta), seja por uso de má-fé, o plágio pode findar, antes
de seu início, uma carreira acadêmica.
Nas últimas sessões, Após
a Leitura e E o Futuro?, Diniz realiza a acolhida às suas
orientandas e apresenta os dois anexos contidos na carta – Mapa de Autoras e
Cronograma. Esses anexos visam auxiliar o processo de organização e
planejamento da pesquisa e escrita dos trabalhos de conclusão de curso. Inclui
ainda uma reflexão sobre como será para toda jovem escritora reler o trabalho
elaborado durante a graduação anos depois. O livro Carta de uma Orientadora:
o primeiro projeto de pesquisa vem ocupar uma lacuna na área acadêmica,
acompanhando as orientandas nesse processo tão solitário como o da escrita de
seu primeiro trabalho autoral. Ao ler o livro, a leitora se sente
permanentemente acompanhada, podendo voltar em pontos específicos e dialogar
com a orientadora nos momentos mais cruciais de sua trajetória até a entrega de
seu trabalho final.