ENSINANDO SOBRE PLÁGIO



Desde a Ed. Básica é possível trabalhar o reconhecimento de autoria com estudantes, evitando assim o plágio e outras formas de fraude acadêmica.

Um dos motivos é que estudantes se tornam autores já nos anos finais do Ensino Fudamental. Através da Internet, criam blogs, sites e utilizam diferentes espaços virtuais para postar textos e emitir opinião sobre diversos assuntos. Por isso, informar estes alunos sobre direitos autorais significa também ensiná-los a se comunicar através da escrita sem infringir a lei.

Infelizmente, sobre o combate ao plágio, a escola brasileira ainda não está atenta para a formação ética de suas alunas e seus alunos: crianças e adolescentes muitas vezes lêem livros sem saber sequer o nome da autora ou do autor.


Além disso, de nada adianta ser conivente durante toda a formação e, de repente, querer que as pessoas compreendam a importância dos direitos autorais. Também não é de uma hora para a outra que estudantes aprendem a relevância de uma leitura crítica, da produção de novas idéias e da aquisição do conhecimento nas mais diversas áreas (ciência, tecnologia, artes, filosofia, etc.).

Para que este aprendizado seja gradual e realmente ocorra, a inserção de medidas simples no cotidiano escolar pode contribuir com a formação de estudantes atentos para a autoria das fontes que utilizam na escola.


ED. INFANTIL

Obviamente, crianças não são capazes de sistematizar dados conforme as regras ABNT: nesta fase as crianças ainda não foram alfabetizadas.

Entretanto, os livros utilizados neste segmento vem sempre com o nome do(s) autor(es) e ilustrador(es), muitas vezes incluindo fotos e um breve histórico sobre os mesmos.

Logo, por que não apresentar estas informações para as crianças de forma tão interessante quanto a própria narração de história?

Outra medida muito positiva para o reconhecimento da autoria é possibilitar uma roda de conversa com autoras e autores/ilustradoras e ilustradores de livros infantis. Além de despertar o gosto pela leitura, esta atividade certamente auxilia a criança a reconhecer a autoria da obra literária.



ENSINO FUNDAMENTAL - ANOS INICIAIS (6 A 10 ANOS)

Nos anos iniciais as crianças começam a ser alfabetizadas e, por isso, começam a frequentar a biblioteca sozinhas, ficando cada vez mais independentes das/os professoras/es para a leitura de livros.

Nesta fase a criança deve ser incentivada a escrever o nome do autor(a) e ilustrador(a) sempre que escrever o nome do livro em trabalhos escolares.



ENSINO FUNDAMENTAL - ANOS FINAIS (11 A 14 ANOS)

Neste período pode-se apresentar para os estudantes a ficha catalográfica do livro.

É também nesta fase que estudantes devem aprender sobre todas as formas de fraude acadêmica, incluindo o plágio (o que é, quais são as consequências e como evitá-lo). Especial atenção deve ser dada para a terceirização de trabalhos escolares (compra e venda).

Ainda assim, continua sendo difícil a sistematização ABNT nesta fase escolar, seja pela complexidade da normalização dos dados, seja porque ainda estão aprendendo a utilizar sinais de pontuação como dois pontos e ponto e vírgula.

Por isso a ficha catalográfica, neste momento, deve ser apenas um recurso para mostrar os dados importantes sobre os livros: título, autoria, editora, ano de publicação e número de páginas.

No finalzinho do EF (8º e 9º anos) podem ser apresentadas para as/os alunas/os algumas diferenças entre citações: artigos de revistas (Super Interessante e Revista Galileu, por exemplo), artigos de jornais, conteúdo postado na Internet (sites, blogs e vídeos), conteúdo de CD e DVD, revistas em quadrinhos, etc. Nesta fase, as/os estudantes devem ser capazes de compreender que os dados diferem conforme a citação mas que há um ponto em comum que é o reconhecimento da autoria, evitando, assim, o plágio. 

Uma boa atividade é construir uma tabela comparativa com os dados necessários para a correta referência em cada tipo de fonte. Além de evitar o plágio, esta atividade ilustra para as/os alunas/os que há outros dados, além do nome, igualmente relevantes em uma obra.

Outra atividade interessante é construir espaços de escrita que interessem aos alunos: fanzines, blogs, jornais, murais, sites, grupos de discussão na Internet (Yahoo!, Google!, etc.). Estes espaços podem ser muito eficazes para que estudantes adolescentes compreendam o que são direitos autorais e aprendam a citar corretamente as informações acessadas.

É esperado que, ao terminar o Ensino Fundamental, as/os estudantes sejam capazes de reconhecer os dados utilizados para referência, colocando-os em ordem conforme a ABNT mas ainda sem a preocupação com todas as regras de formatação (maiúsculas, itálico, negrito, pontuação, expressões estrangeiras, etc.).



ENSINO MÉDIO (15 a 17 ANOS)

Agora é hora de sistematizar os dados e adquirir um bom manual para normalização.

Indicação: Manual para normalização de publicações técnico-científicas. Júnia Lessa França e Ana Cristina de Vasconcellos (autoras) Maria Helena de Andrade Magalhães e Stella Maris Borges (colaboradoras) Área: Ciência da Informação Coleção: Aprender Editora UFMG

A partir desta sistematização estudantes aprendem a citar a fonte dos dados, a evitar o plágio, a desenvolver a escrita acadêmica e a cuidar da estética de um documento técnico-científico.

Neste momento é importante que a escola esteja de acordo com as regras e que todo o corpo docente seja coerente com as instruções passadas para as/os estudantes.

Desta forma, dados simples como fonte, tabulação, margens, etc, devem ser respeitadas por todos, evitando-se criar um tipo de formatação para cada disciplina, dependendo do gosto pessoal das/os professoras/es. Quando cada professor quer o documento de um jeito, o que é muito comum, acaba atrapalhando as/os estudantes na hora de aprender as normas para redação de trabalhos técnico-científicos.



UNIVERSIDADE (GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO)

Desde o 1º período, estudantes devem ter como referência obrigatória um manual de normalização e todo trabalho acadêmico deve ser escrito de acordo com as regras de formatação institucionais ou de acordo com as regras ABNT.

Especial atenção deve ser dada para os seguintes aspectos:

  • Estudantes que compram e vendem trabalhos acadêmicos;
  • Anúncios de venda de trabalhos acadêmicos na universidade;
  • Estudantes que não fazem trabalhos, apenas colocam o nome;
  • Estudantes que falsificam certificados de participação em eventos (por exemplo, alterando dados como número de horas) ou emitem documentos falsos (cadernos, certificados, atestados médicos, etc.).

Os casos acima podem ter sérias consequências, dependendo da gravidade e da postura institucional diante destes acontecimentos.

Seria muito positivo para o combate à fraude acadêmica que todo evento acadêmico (Congressos, Seminários, Encontros, etc.) abrisse um espaço para tratar do assunto, ofertando mesas redondas e GTs sobre o tema.

Outra medida que poderia ajudar seria a organização de eventos específicos sobre fraude acadêmica nas universidades, através dos Diretórios ou Centros Acadêmicos ou, ainda, de órgãos institucionais como Colegiados e Departamentos.


Referências:














 


Autoria: Alessandra Belo
2012